13.6.07

POR QUEM OS SINOS DOBRAM

Coluna do Álvaro Pereira Jr no Folhateen de segunda:

"Em Londres, encarando os novos tempos

ESPALHADOS pela Kensington High Street, em Londres, dois cartazes chamam minha atenção. Um anuncia o novo single do Maximo Park, "Books from Boxes". Normal. Já o segundo sinaliza novíssimos tempos. Ele divulga o segundo álbum dos Editors. Só que não traz a data em que o disco, "An End Has a Start", chegará às lojas. Anuncia o dia em que as músicas estarão disponíveis para... download.
O cartaz não tem nenhum endereço de site, nem explica como esse download seria feito. É claro, não é necessário. Todo mundo sabe usar o MySpace e consulta a loja do iTunes para saber dos lançamentos mais próximos.
Foi muito significativo que isso acontecesse na Kensington High Street, onde, há 21 anos (!), entrei pela primeira vez numa loja decente de discos, a Tower. E nem era aquela Tower gigantesca, que anos mais tarde seria aberta em Picadilly Circus, no coração da cidade. Era uma Tower modesta, meio de bairro. Mas que já era o máximo para mim!
Essa Tower de Kensington fechou faz tempo. Virou uma filial da Virgin, uma das últimas megalojas de CDs que ainda sobrevivem. Uma filial meio sem graça, apagada em meio ao comércio opulento da região.
Algumas coisas, no entanto, não mudam na cidade. Como a oferta fantástica de shows, sete dias por semana, e a febre doentia da imprensa musical por artistas novos.
O que mudou é meu interesse. Tenho certeza de que a chance de uma dessas bandas novas ser relevante é de 0,01%. Já não me esforço por aquele ingresso de última hora daquele artista que nunca ouvi, mas de que falam bem.
Sei que estou errado. Londres não é para mim. Londres é da menina de All Star que me pede licença em Grosvenor Sq., apressada, fones brancos nos ouvidos. Deve estar indo para casa, quer chegar logo ao computador. Para baixar o álbum novo dos Editors, talvez
".


E eu penso: yeah, absolutamente certo.

Corretíssimo quanto a tudo e ainda mais quanto à relevância das bandas atuais.

A chance é pequena, mas bem pequena MESMO de qualquer uma delas ser lembrada daqui a 5 ou 10 anos.

E, cá para nós, a molecada também não quer mais saber de nada que tenha prazo de validade de mais de poucos meses.

Cansa demais esta gente presunçosa e iletrada, acreditando que Pitchfork é algo convincente e que o Lúcio Ribeiro consegue escrever mais de dois parágrafos sem aquele estilo raso e infantil, folião do nada?

Gente afetada escrevendo para gente burra.

Taí o resultado. Coitada da menina de AllStar Branco.

Ou alguém aí acha que dá para ter alguma esperança num mundo musical dominado por horrores como Klaxons?

Ouvindo I Am So Tired, cold turkey style, de The Beatles

Um comentário:

Unknown disse...

É muito cacique pra pouco índio.

Dá-lhe Boca!