E DIRETO DE CURITIBA, NOSSA FANTÁSTICA CORRESPONDENTE - BIA (A FABIANA SOUZA)
"Gostaria de conhecer alguém que já tenha visto um show dos Pixies no auge. Kim ainda jeitosinha, Black Francis apenas mais um gordinho simpático, Joey Santiago de cabelo e um lovely David Lovering.
Fiquei com essa curiosidade logo após o início do show de sábado (8), em que a divina, absoluta, porém finita banda mostrou que dizer “boa noitche, curitaiba” é coisa de fresco e que o bom mesmo é mostrar serviço para 8 mil pessoas (ou mais, estima-se), tocar um set list de 28 músicas quase sem interrupção e conseguir deixar embasbacada a platéia composta de fãs apaixonados, indies dados a muxoxos e mauricinhos metidos a modernos cujo conhecimento sobre a banda se resume a “Here comes your man”, o hit mais famoso que supostamente fala sobre a segunda vinda de Cristo.
Não seria difícil agradar a todo esse povo, que mesmo resmungando com essa volta oportunista, burocrática, sem lançamentos nem entrevistas, anda carente de shows com grandes bandas no Brasil, e não foi difícil esgotar em pouco tempo todos os ingressos. Logo de cara, a maravilhosa “Bone Machine” levou o público todo ao delírio. E hit após hit, a banda deixava claro como água que ainda estava em ótima forma, (cof, cof, cof, cof) musicalmente falando, com a voz da nossa primadonna Black Francis incansável, Joey Santiago em perfeita sintonia com David Lovering, Kim Deal afinadíssima, competentíssima, simpaticíssima, gordíssima.
Em estado de êxtase espiritual, brutalmente interrompido pelo maldito, dolorido e infame efeito de um refrigerante com um toque de limão, tive que interromper a adoração a deuses pagãos por conta de uma bexiga precocemente cheia. Mas mesmo de longe, com uma assustadora pausa após “Where is my mind?” (seria o fim? Nah, você viu Clube da Luta muita vezes!), como num espetáculo teatral, a banda apenas caminhava muda pelo palco enquanto recebia aplausos de uma platéia que tentava descobrir o idioma que falavam: Curitiba. Brasil. Amigo.
E no bloco final, iniciado majestosamente com “Gigantic” e seguido por “Debaser”, a banda deixava claro quem era que mandava nesse cortiço chamado guitar rock. Quem foi que ensinou Thom Yorke tudo o que ele sabe, quem pariu e deu de mamar ao Nirvana. A essa altura, boquiaberta, siderada, não vi o palco nem a pedreira explodir, mas a sensação era parecida. Pois aquela era, com 100% de certeza, a última vez em que veria Pixies na minha vida. Poderíamos todos nos matar ali mesmo.
Fabiana Souza é tradutora e agora quando tem sede só bebe água."
GENIAL
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário