18.11.03



BODAS DE FOGO



"Hey now, hey now
Don't you cry
It's just the dying of the light
Time to say our goodbyes
I'll look for you in that goodnight
"
(Buried Alive / Echo / 2001)

E estou triste. Percebo que fiquei velho como uma uva passa. Uma das bandas da minha vida, a brilhante Echo and the Bunnymen faz 25 (25!!! entenderam) anos de vida. E sabem onde comemoram? No Brasil...

E quer saber o que acho disso? Uma droga.

Eu me lembro que faz muito tempo que ouvi Do It Clean (de "Crocodiles", álbum de 1980) pela primeira vez e tive uma sensação tranquilizadora de que a geração oitentista poderia (como de fato foi) ser melhor do que a geração passada (no quesito rock, no quesito estilo, no quesito atitude, enfim, em todos os quesitos). Isso porque essa geração oitentista teve oportunidade de pegar o que prestava dos sessenta, dos chatos hippies, dos setenta, dos punks, enfim, de tudo o que veio antes dela e fazer uma coisa única, brilhante, relevante.

E Echo and the Bunnymen era A banda.

Visual marcante (basta ver as capas, os vídeos, os shows), estilo até não poder mais (Ian McCulloch, existe ou existiu outro vocal tão cool ou perto disso no mundo do rock?), letras legais ("Cutter"), sonoridade agressiva ("Back of Love"), sonoridade delicadamente doce ("The Killing Moon"), enfim, tudo perfeito.

Álbuns brotaram como verdadeiras pérolas de bom gosto: "Porcupine" (83); "Ocean Rain" (84); "Echo and The Bunnymen" (87); e, pasmem, até mesmo o passado "What Are You Going To Do With Your Life?" (99).

Mas aí eu ouvi outros sons e percebi que o brilhantismo dos caras já estava definitivamente esculpido na história do rock. Não precisava de nada disso, de bodas de ouro e o escambau.

Eu fiquei velho como uma uva passa e descobri (através de outras fitas e cds anos mais tarde) que as gerações seguintes sempre enterram com crueldade e genialidade, as gerações anteriores...sempre com crueldade, genialidade e muito, mas muito bom gosto. O que é adorável e sempre recomendável...

Ouvindo Seven Seas, música para beijar a namorada, de Echo and The Bunnymen

Nenhum comentário: