23.4.03



CICCONE



E ela foi menos linda do que sensacional e influente nos últimos vinte anos. Gritou, dançou, fez marketing, posou nua, simulou masturbações, sexo bondage, lesbianismo, ménage a trois, foi Evita, foi espanhola, foi material girl, enfim, foi toda a sorte de tipos, sempre necessária a mantê-la no topo. Governando o mundo pop. Madonna Louise Veronica Ciccone ou, simplesmente, Madonna. A popstar mais importante do mundo...em outros tempos, não mais hoje, definitivamente.
Chegou às lojas do mundo na última segunda, o novo álbum da moça, “American Life”. Até agora só ouvi metade do álbum e não gostei, mas isso pouco importa, pois o que escrevo aqui não é o sobre álbum, mas sim sobre a figura Madonna que, convenhamos, definhou e desapareceu da relevância pop nos últimos anos. Do primeiro álbum, o MUITO BOM “Madonna” (1983) até a sua obra prima, o genial e irretocável “Like a Prayer” (1989), Madonna provou ser uma artista excepcional e provou ser capaz de fazer o que bem entendesse na música pop. Provou ser capaz de fazer deliciosas bobagens e deliciosas pérolas pop. Provou ser a melhor artista pop do mundo. Muito mais importante do que qualquer Mick Jagger ou Bono Vox. Mas, como nem tudo é perfeito, ela jogou tudo fora. A partir daí, do topo do mundo, Madonna cansou das “popices” e voltou toda a sua agressividade ao marketing. Ao marketing puro e simples. Beijou Vanilla Ice, fez livro de fotos, fez videoclipes cuidadosamente elaborados para serem vetados pela MTV, fez filmes, teve filhos, fez o diabo, foi, enfim, uma popstar, na ´pior acepção do termo. Tudo bem fazer marketing agressivo, mas, porra, no mínimo ela deveria nos oferecer algo em troca, como por exemplo, música. Tudo bem, até algumas músicas geniais ela lançou na década de noventa e produziu álbuns bem, mais bem consistentes mesmo, como o correto “Bedtime Stories” (1994) e o iluminado “Ray of Light” (1998). E sumiu. Desapareceu. E após o último álbum, o promissor “Music” (2000), quando o mundo esperava algo realmente bom para alavancar a sua carreira ela lança “American Life”. Ou simplesmente um disco de estética de “revolução de shopping”, uma besteira sem precedentes... um rascunho do que um dia já foi uma Madona adorável e interessante e cheia de vigor... uma mulher tão relevante quanto os Stones hoje, ou seja, simplesmente mobília, simplesmente muzak... triste, muito triste.

Ouvindo Freaky Dancin´, genial, de Happy Mondays

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