28.10.03



QUEM É NICK DRAKE?

Outro dia andaram escrevendo por aqui que Nick Drake era o bambambam, o grande gênio esquecido dos sixties, o grande bardo atormentado, enfim, o tal. Mas o que efetivamente ficou sem resposta é a singela pergunta: quem, afinal, é Nick Drake?

Nascido em 1948, Nick Drake foi "notado" pelo produtor Jon Boyd (REM, Pink Floyd, Trevor Lucas) nos anos final dos anos sessenta e assinou contrato aos vinte anos de idade para o lançamento de seu primeiro álbum solo, o até legal Five Leaves Left (1969), recheado de folks atormentados e depressão profunda. No auge do caos revolucionário e estético do final dos anos sessenta, não é difícil imaginar por que razão um disco deprimido, triste e sensível ao extremo, foi um completo fiasco comercial.

No ano seguinte, Drake lançou Bryter Layter (1970). Um álbum especial. Bonito, porém irregular. Diferente do anterior. Vale pela presença sempre genial de John Cale (o mestre do Velvet Underground).

Em 1972 Drake lançou seu melhor álbum, o fundamental Pink Moon. Simples e essencial. Um álbum repleto de piano, guitarras e vocais. Nada demais e nada desnecessário. Uma pequena pérola.

Em novembro de 1974 Drake morreu na casa de seus pais, vítima de uma overdose de antidepressivos.

O fato é que Nick Drake não foi nem excepcional e nem ruim. Foi apenas...Nick Drake. Um cantor dos anos sessenta, com talento, sem dúvida, com bastante talento, porém sem aquele "algo mais" que lhe foi tão cruelmente imposto com o decorrer dos anos. Como acontece sempre nessas ocasiões, o rock martiriza e cria suas próprias lendas e supervaloriza o questionável. Verdadeiro é o filme 24 Hour Party People, principalmente na cena em que Tony Wilson diz diante do cadáver de Ian Curtis (esse sim, gênio verdadeiro), no necrotério de Manchester: "estamos diante do Che Guevara da nossa geração". É esse sempre o problema, a necessidade de criarmos Guevaras e mais Guevaras.

Ouvindo If You Are Feeling Sinister, isso sim necessário, de Belle and Sebastian

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