6.3.03


DISSECANDO UM GÊNIO...JOHN LENNON...



Às vezes a verdade é dura, mas tem que ser dita. Não há e nem houve artista no mundo que tenha oscilado tanto entre a genialidade e o lugar comum como o ex-beatle (já morto) John Lennon.

É inegável que a sua obra foi brilhante. Nos anos sessenta Lennon comandou com Paul McCartney a melhor banda da história do rock – The Beatles. Juntos, eles revolucionaram, criaram conceitos, melodias, idéias, enfim, definiram os rumos não só da música, mas também da cultura popular mundial nas próximas décadas.

Entretanto, como nem tudo é perfeito, no final dos anos sessenta a banda acabou e Lennon partiu para uma carreira solo, respeitada, diga-se, apenas pelo seu passado, uma vez que de brilhante mesmo, apenas poucas canções.

Será que ao lado de Paul, os anos setenta teriam tido a oportunidade única de ver um Lennon brilhante? Um Lennon menos chato e sem brilho?

…God Only Knows babies...God Only Knows…

Vamos aos albums…(tirei, claro, os discos ao vivo e os póstumos, pois não gosto desses gêneros de álbuns. O que vale é o estúdio)

- Unfinished Music N. 1 – Two Virgins (1968) - Life With the Lions – Unfinished Music N. 2 (1969) - Wedding Album (1969): experimentações de toda a sorte. NADA de música. Gritos, ruídos, barulhos. Chatice incessante…um porre, como todo disco experimental.
- John Lennon/Plastic Ono Band (1970): álbum bastante difícil. Confessional ao extremo. Mostra um Lennon exposto, um ser humano no lugar do mito... lindíssimo. Um dos seus melhores trabalhos (contando com os Beatles)
- Imagine (1971): Chato. Apenas isso. Direção oposta ao que se fazia na época. Merece destaque, entretanto, a agressiva música “How do You Sleep”, ataque direto ao seu ex-colega Paul McCartney, o que provocou o seguinte comentário de Paul: “Fácil e honesto é imaginar que não existem propriedades no mundo, quando se possuí sete mansões só na Europa. Eu canto o que sinto”. Vide a letra traduzida:
Como Você Dorme?
(John Lennon)
Então o Sarg. Pepper te pegou de surpresa
Você vê melhor através dos olhos de sua mãe
Aqueles loucos tinham razão quando disseram que você estava morto
A única confusão que você fez foi em sua cabeça
Ah, como você dorme?
Ah, como você dorme à noite?
Você vive com estranhos que falam que você era rei
Pulava quando sua mãe lhe falava algo
A única coisa que você fez foi Yesterday
E desde que você se foi, você é apenas um outro dia
Ah, como você dorme?
Ah, como você dorme à noite?
Ah, como você dorme?
Ah, como você dorme à noite?
Seu lindo rosto talvez dure um ano ou dois
Mas lindo filho , eles irão ver o que você pode fazer
O som que você faz é Muzake para meu ouvidos
Você precisar ter aprendido alguma coisa em todos esses anos
Ah, como você dorme?
Ah, como você dorme à noite?

- Sometime in New York City (1972): Ativismo chato de Lennon. MC 5 já havia feito isso. E muito, mas muito melhor e com mais qualidade. Talvez ele se sentisse culpado por ter sido um beatle
- Mind Games (1973): Retomada do caminho perdido com Imagine. Nenhuma grande canção. Nenhuma novidade.
- Walls and Bridges (1974): Confuso como a vida de Lennon deveria estar na época. Gravado sem a presença de Yoko (durante o “Lost Weekend”, período em que estavam separados), o que deveria ser bom se tornou um porre. Dá para sentir um Lennon completamente afundado em heroína, sem qualquer inspiração e talento. Ruim.
- Rock´n´Roll (1975): Talvez os fãs me quebrem, mas considero esse o MELHOR álbum solo de Lennon. Somente regravações de standarts da música rock, como Peggy Sue, Be Bop a Lula, Stand by Me, Ain´t that a Shame. É puro rock. Adoro ouvi-lo. Lennon parece feliz e novamente jovem. Como no começo de tudo. Brilhante. Do começo ao fim.
- Double Fantasy (1980): Obviamente existe um carinho todo especial em torno desse álbum, o último lançado em vida por Lennon. É um recomeço. Depois de cinco anos sem gravar, parecia que o ex-beatle estava inspirado. Algumas canções soa boas, mas o álbum parece sofrer de falta de consistência. Não gosto muito, apenas o acho simpático. Definitivamente simpático, o que é bem pouco para um gênio.

Ouvindo Maybe I´m Amazed, de Paul McCartney

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