10.9.03



O ÚLTIMO SHOW DO RAUL

Eu assisti ao último show do Raul Seixasem 1989. Um amigo (e aí Alfredo?) me convidou para vê-lo no Olympia (na Lapa, aqui em SP), em show ao lado do Marcelo Nova. Eu nunca poderia imaginar que presenciaria (meio por acaso) aquele que seria o último show do próprio Raul, já que era o último da turnê e ele viria a morrer pouco tempo depois.

O show foi um dos mais tristes que já assisti na minha vida. Lembro bem do cheiro intenso de baseados fumegantes (Planet Hemp é café pequeno meus chapas) e de um fulano barbudo segurando a tábua com os mandamentos da tal Sociedade Alternativa. Pensei comigo mesmo como era possível alguém naquela época (porra, já era 1989), estar ainda acreditando naquilo tudo.

Mas, despido de preconceitos (eu NUNCA fui preconceituoso), confesso que até me entusiasmei quando Raul subiu ao palco. O barulho dos fãs foi algo sensacional. A devoção deles para com aquele sujeito barbudo era realmente invejável. Uma espécie de transe começou a rolar entre a platéia e os músicos e a seqüência de canções clássicas começou a animar o ambiente. Raul não estava bem. Não mesmo. Errou letras, esqueceu nomes de músicas e mal conseguiu dar um “oi” para o seu público. Fiquei bastante deprimido com aquilo tudo e comecei (desde aquela época) a maldizer quem insiste em continuar mesmo sem condições. Caralho, melhor lembrar do Raul bem do que de um Raul que mal conseguia ficar em pé.

De qualquer forma, o show foi delicioso para os fãs. Saí de lá triste e com um sentimento de perda, mas contente por ter presenciado um documento histórico, já que foi o último show do Raul e a única vez em que tive a oportunidade de vê-lo no palco e em ação.

Ouvindo Hippie Boy, uma gargalhada só, da banda que o Picareta e o Lúcio adoram, Flying Burrito Brothers

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